Cólera continua a matar

A cólera matou desde Maio seis pessoas em Angola, existindo 12 casos confirmados entre os 86 casos suspeitos registados até hoje, só na província de Luanda, informaram hoje as autoridades sanitárias. O grupo criado por João Lourenço para escrever o “Manual de Comunicação Administrativa e Identidade Visual do Governo”, que visa criar um plano para melhorar a imagem institucional do Executivo, está condenado – pela realidade – a uma missão impossível.

Os dados foram hoje avançados à agência Lusa pela directora provincial de Luanda de Saúde, Rosa Bessa, depois de um encontro do grupo técnico da Comissão Provincial de Combate às Endemias, que analisou a situação da doença na capital angolana.

Segundo Rosa Bessa, a Comissão Interministerial e o Governo Provincial de Luanda reuniram esforços para combater a doença que, nos últimos quatro meses, causou, segundo dados do Ministério da Saúde, seis óbitos dos 12 casos confirmados laboratorialmente.

“As grandes preocupações iniciais foram com o município de Talatona, mas agora estamos preocupados com o de Cacuaco”, disse Rosa Bessa, salientando que o ponto preocupante naquele município a norte de Luanda é a zona do Monte Belo.

Rosa Bessa salientou que o administrador de Cacuaco, recentemente nomeado, também participou na reunião, tendo manifestado o seu empenho para que se consiga cortar a cadeia de transmissão.

A responsável sanitária disse que os apelos à população têm sido no sentido de se dirigirem imediatamente ao hospital em caso de diarreia e vómitos, sintomas da doença, dando início ao processo de hidratação do doente a partir de casa.

“É necessário também que se tomem as devidas medidas em casa e consumir água depois de a ferver ou a desinfectar com lixívia como medidas de prevenção”, indicou Rosa Bessa.

Outros surtos de cólera afectaram igualmente, este ano, as províncias do Uíge e de Cabinda, ambas no norte, que atingiu, na primeira, mais de 600 pessoas, causando mais de uma dezena de mortos, e, na segunda, mais de dez casos e pelo menos um óbito, registados em Fevereiro passado.

A débil situação de saneamento básico e o uso de água inapropriada para o consumo, devido a problemas de abastecimento à população, são as principais causas apontadas pelas autoridades sanitárias para o surgimento destes surtos.

Recorde-se que até o Ministério da Comunicação Social “vai coordenar a acção da criação de um núcleo, de aproximadamente 150 activistas, que vão efectuar visitas casa a casa, para sensibilizar as famílias residentes nos arredores da lagoa da Kilunda, no âmbito do programa de prevenção e combate à cólera”.

A informação foi passada, no início deste mês, pelo secretário de Estado da Comunicação Social, Celso Malavoloneke, no final de uma visita interministerial realizada à lagoa da Kilunda, comuna da Funda, em Cacuaco, para avaliar as condições de saneamento e meios existentes naquela região, depois de um teste positivo da água com vibrião colérico.

Na verdade, reconhecemos, a equipa de João Melo esteve (neste caso) no seu meio natural – o saneamento. Por outras palavras, na falta dele. Aliás, tudo quanto tenha a ver com a falta de higiene (física e mental) é o ambiente propício ao desenvolvimento da… comunicação social do Estado/MPLA.

Celso Malavoloneke “destacou a grande importância económica da lagoa da Kilunda para as famílias ribeirinhas, por ser fonte de sobrevivência, não só por ser fonte de alimentos, mas também pelos rendimentos obtidos com a venda do pescado”. Como se vê, esta acção enquadra-se nas atribuições deste ministério, nomeadamente na que diz “desempenhar outras tarefas superiormente acometidas decorrentes da actividade própria que lhe é inerente”.

De acordo com a Angop, “poderão ser seleccionados 100 a 150 activistas, segundo o secretário de Estado e espera que estes venham a ser fornecidos pelas igrejas para trabalhar nas comunidades, pois apesar de existirem chafarizes na circunscrição as famílias continuam a consumir, para beber, cozinhar e para consumo doméstico, a água da lagoa”.

Celso Malavoloneke disse que ficou acordado que a partir de ontem, segunda-feira, uma equipa com técnicos do Ministério da Energia e Águas, Ambiente, Saúde e promoção da saúde, e administração local de Cacuaco deslocar-se-á à Funda para traçar um plano concreto.

O adjunto do mestre João Melo referiu que as estratégias que têm funcionado em outros lugares serão implementadas na Funda e onde for necessário, “vai-se pedir ajuda aos parceiros sociais, como o Unicef, para fornecer recipientes de conservação da água”.

Celso Malavoloneke disse também que para além de fazer o rastreio, “deve-se efectuar acompanhamento e monitoramento e estar atento para que qualquer caso suspeito seja rapidamente encaminhado para a estrutura sanitária preparada para o efeito”.

Folha 8 com Lusa

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